Lapidando a essência: A nova versão de "MINHA DEUSA"
Nota da Autora:
Queridos leitores, compartilho com vocês uma nova versão de "Minha Deusa". Esta é uma reescrita que reflete uma evolução natural do meu processo criativo, uma busca por sofisticação e profundidade maior. O texto original já possui um lugar especial para mim, mas senti a necessidade de lapidar as palavras, como quem refina uma joia, para transmitir com mais clareza e beleza a essência que eu sempre quis expressar.
Espero que, assim como eu, vocês possam sentir essa transformação e redescobrir a obra sob uma nova luz, sem perder a intensidade da original.
Boa leitura.
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A revelação de tua divindade foi uma ferida aberta, mostrando a certeza de que eu jamais seria a única a rastejar sob o peso do teu poder.
Ao descobrir que és mais que carne, mais que imagem ou sonho, entendi que não poderia ser a única a sangrar por ti. Deuses são feitos para serem devorados por muitos, e eu, insignificante diante da tua majestade rastejante, sou apenas mais uma entre aqueles que se perdem ao redor das tuas "patas" frias. Contudo, embora cercada por outros que murmuram o que você quer ouvir, meu coração pulsa de maneira diferente – ele bate por ti, sabendo que jamais será teu.
Podes escolher entre teus fiéis aqueles que te levam flores de cores vivas e palavras vazias, aqueles que te trazem oferendas com mãos macias e vozes doces. Eles obedecem a tua vontade, se moldam a cada palavra sua. Mas eu não estou entre eles. Não te ofereço rosas nem palavras alegres. Meu amor é feito de cicatrizes mal curadas e versos sangrentos, arrancados da minha carne em brasa. Amei-te como um farol perdido no meio de um oceano de sombras, mas agora entendo: nenhum deles te amou como eu.
Jamais.
Condenei-me à escuridão por te querer sem jamais te tocar, por me prostrar diante de ti sem receber teu olhar. Tornei-me tua em todos os sentidos que não importam. Entre teus adoradores cegos, sou aquela que clama para ser devorada, desejando que minhas entranhas sejam consumidas por ti, minha divina devoradora. Quero retornar ao vazio primordial, ao pó que se dissolve sob teus olhos compostos, esperando, um dia, ser nada além de um suspiro que, por um instante, capturou tua atenção.