A sacralidade do sentimento
Quando penso nele uma alegria indizível invade meu ser. O coração se enche de uma emoção difícil de expressar para quem, como eu, não sabe lidar com palavras. Ao mesmo tempo em que uma montanha cresce assustadoramente dentro o peito pairando na garganta como um nó a embargar a rouquidão da voz, delicio-me com os lampejos de meteoros riscando o céu de meus pra dentro. É o amor, acho que é o amor, ouço dizer a voz amada. E me sinto estranha e mesmo tão eu que me pergunto: de onde vens Maria? De onde vens? E os olhos dele, refletidos no espelho dos meus, me responde com um tremor imperceptível na voz: - vim do outro lado, do lado dos que anseiam por teu cheiro, por teu abraço, dos que tem ânsias de amar-te sempre e mais... Percebo a emoção a embargar a voz amada, percebo. E o mundo se transforma. Nosso espaço se faz Lar, nosso canto se faz melodia... E o Sol se levanta dentro a alma, num salto irracional. E o espaço invisível entre nossos corpos e corações se cria e recria magicamente para nos acolher, nos abraçar num mesmo respirar, enquanto em nossos pra dentro brasas se acendem em divino esplendor.