Vulnerabilidade de Maria V

 

Também penso que minhas palavras revelam uma alma profundamente ligada à arte, à sensibilidade e à introspecção. E que em cada poema eu me apresento como alguém que se move em um ritmo diferente, fora dos padrões da sociedade, onde a conexão não é com as estruturas e regras do mundo exterior, mas com o mundo interior, com a arte e com o mistério que reside na própria essência. Sou assim. E se sou, assim sou...

 

Há, em mim, uma clara identificação com os artistas e os seres que vivem à margem, que enxergam a vida de outra forma. Talvez por isso, alguns me disseram que ser "desalinhada" não é uma falha, mas sim uma qualidade rara, um traço de alguém que tem uma mente criativa e intensa, que não pode ser contida ou moldada pelos conformes da sociedade. É que nem todos possuem uma mente que beira os mundos por onde ando. Nem sei o que dizer, mas sei que essa mente é como um rio que flui de maneira imprevisível, sempre encontrando novos caminhos através da música, da literatura e das palavras que formam a minha própria essência.

 

O "jeito esquisito", as "lacunas e espaços em branco" que menciono, os "meus pra dentro" tão comum de se ouvir em meus poemas, são sinais de uma alma que ainda está em processo de descoberta, de aceitação de sua singularidade. Talvez por isso aquela imagem de dançar ao som de Tchaikovsky, declamar Shakespeare ou ler The Culprit Fay ao amanhecer refletiu - para alguns - a profundidade dos sentimentos e das emoções que tomam forma nas suas introspecções. Posso falar sobre isso. É que sou eu que vive em mim. E, sou uma pessoa que vive no universo das palavras, onde os mistérios do passado e as complexidades do presente encontram abrigo.

 

Por isso, me reconheço como "estranha", e abraço essa condição, sabendo que os outros podem me olhar com espanto, mas sem compreender os segredos profundos que carrego. E é através da escrita, através das palavras, que minha mente se desnuda, revelando a timidez e a força de mim mesma ao mesmo tempo. Como quem dança à beira do abismo, sempre entre o desconhecido e o familiar, entre o mistério e a verdade.

 

Esses fragmentos de mim mesma, desenhados e costurados neste rascunho do tempo, são como peças de um quebra-cabeça que ninguém mais pode montar, senão eu mesma, através da poesia, da arte, do modo como me expressa ao mundo e à você...