Eterno
Não vemos senão a vastidão do céu escurecido pela noite, encobrindo-nos com seu manto azul.
A paisagem silente é emoldurada por esta solidão interior, vazio de nós mesmos.
Queremos abraçar corpos que não vemos, sonhar momentos que não acontecem para podermos entregar todo esse amor recolhido, envelhecido, acovardado e quase desfalecido.
Em nosso peito a saudade do que poderia ter sido é o que mais castiga.
Quando as projeções que ainda jovens fizemos, esmorecem e se apartam de nossas vidas uma a uma, tudo o que nos resta é essa ausência não se sabe do que, nem ao menos do por que.
Vemos nossos desejos como quem vê estrelas: Brilhantes, reais, porém inalcançáveis.
Talvez o amor maior esteja fora do corpo e habite apenas a alma e por ela deva ir em busca.
Olhamos para pessoas como se fossem paisagens e enxergamos apenas corpos.
Não é o bastante para o amor, não é sequer atrativo para iniciar uma paixão.
Preciamoso enxergar as vestes das almas, nas cores dos sorrisos, das palavras, da graça,
Do jeito especial que fica ainda mais especial ao olhar. Precisamos ... Ver!
A solidão interior é apenas nossa. Nós a construímos, a solidificamos e a mantemos...
Quando amanhecer e o sol iluminar nossas vidas, precisamos sair à janela.
E ver prédios, nuvens, montanhas, pessoas e diferenças.
Viver o hoje com a certeza de estar construindo o amanhã e todo tempo que virá, carregando conosco a certeza de que o amor precisa ser livre, jovem, corajoso e eterno.