A Torre

Você que me olha de longe e pensa que minha vida é fácil só porque eu não sigo o roteiro básico de existência deveria saber que está muito enganado. Tenho dores terríveis na coluna, a minha solidão às vezes dói mais que o joanete do pé esquerdo. Tenho um fraco exagerado por carboidratos e homens errados. Fiz escolhas que me escravizaram, me despedaçaram e me transformam todos os dias, me lembrando o peso de ser a única responsável pelos meus atos. Já matei muitos sonhos consciente de que o meu mundo será restrito. E tudo bem. Eis aqui a diferença, talvez, trabalhar o espírito pode ser bem mais difícil que batalhar pela sobrevivência da matéria. Temos que abraçar nossos demônios. Acolher nossas sombras. Ter compaixão com a nossa imperfeita condição humana. E essa provavelmente seja a minha missão, exercer plenamente a maternidade, e entrar no mais profundo contato comigo mesma. Acessar minhas memórias apagadas. Lógico, eu tenho um longo trabalho pela frente. Os primeiros passos foram dados. Minha vida não é fácil! Longe dos anestésicos tradicionais do mundo capitalista eu não construí um mundo cor de rosa à toa. Minha torre me protege, me isola e me fere. Tudo ao mesmo tempo. A grande lição é e sempre será, não julgue, cada um é um universo infinito de saudades, alegrias, dores e delícias.

*Si*

Simone Ferreira
Enviado por Simone Ferreira em 25/09/2024
Código do texto: T8159574
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