Profundezas de mim
Um mergulho em meu âmago revela verdades das quais fujo constantemente.
Ao me aprofundar mais, deparo-me com a imensidão. No entanto, sem a luz necessária, o horizonte se mostra quase negro.
Aqui é frio, e sinto isso refletir-se em todo o meu corpo.
Minhas mãos tremem, minha coluna arrepia. Meu queixo bate enquanto minha boca começa a arroxear.
Penso em desistir ainda na entrada, mas preciso ir aonde reluto há tanto tempo.
Entro em fendas, encontro baús lacrados. E, ainda mais ao fundo, deparo-me com prisões onde mantenho acorrentadas as mais ferozes emoções.
É um nado difícil, arrastado, que me faz ofegar. Quando me dou conta de mim, naquela imensidão negra, cheia de lacunas obscuras, percebo em minhas mãos e pés as amarras que eu mesma me coloquei.
Permaneço estática, observando meus cabelos se movimentarem naquelas águas enquanto espero silenciar os gritos de desespero por soltura.
Mas eu seguro firme, pois estar amarrada é o que ainda me dá a chance de viver.