Confissões de Uma Criança no Aprendizado Espiritual 40
Fiquei alguns dias fora da penumbra do tempo. Estou a cuidar da vida doméstica.
A inspiração para estar no confessionário, tinha apartado de mim.
Fiquei alguns dias longe da Casa. Não recebi chamado algum da câmara interna, coração de m'Alma, para o propósito da prontidão para a escrita, para o estado da imaginação criativa desperta. Este que estou a escrever.
É isto.
Na medida que me toma uma rotina para estar nele, coloco-me ao seu dispor, em tempo e fora dele, escrevendo.
Flui, capítulo a capítulo, dia a dia, como o vento, a inspiração emerge, como um quê de eu mesma que sai de um cômodo da Casa.
Acredito que a imaginação é um dos vieses estruturais da consciência, que é Deus, em sua natureza primordial.
Imagine você abrir um leque, e ao abaná-lo frente ao rosto, o vento leve toca sua face, a resfriando.
A m'alma refresca quando estou a compor na escrita.
Nisto sou educada, serva submissa, amante incondicional do amor Divino que me acolhe.
Não me toma o vazio, nem o desespero, como viciado sem o uso da droga, nós dias que a brisa suave da inspiração não me visita. Simplesmente, não escrevo.
Não vou para o cantinho a esperar por ela, a inspiração, para que ela me tome, e eu continue onde havia parado.
Como o efeito do leque sendo agitado levando vento a face, sou compelida a arrumar um jeito.
Sinto um frenesi na região do coração, que me toma. Parece um leve toque de tensão, tesão, um tipo de prazer vivido pelo ser, no campo anímico.
Interrompo a atividade em curso, seja o que for que eu estiver fazendo.
Deitada, sentada, em movimento na cadeira de rodas. Deixo o que faço, me ajeito num local, passo a escrever.
Disso, sou a primeira testemunha.
Nunca me sinto tão em Casa, como nestes instantes. Tenho a sensação que vivo nela a solitude, um "só" que tem acolhimento, pertença, aceitação.
Me sinto como a filha que está na Casa do Pai, junto Àqueles que me Representam, da Paternidade Divina Universal.
Neste campo experiêncial, realmente, não tem como descrever em palavras, nem em símbolos.
A experiência é subjetiva, intransferível, sem conceito, sem causa, sem origem. É.
Não tem como eu descrever Eu nestes instantes.
Desaparece a testemunha, o observador, o observado. A Casa.
Quando me tenho novamente, me vejo na mulher que sou, e todos os epifenômenos que agregam à personalidade, são destacados na consciência.
Esta que todos conhecem.
E o capítulo terminado.
Escrito.