RUAZINHA

Quero morar nessa rua de paralelepípedo e senhoras gentis enfeitando o peitoril da janela.

Onde os carros passam devagar e os meninos ainda jogam futebol amador, descalços e sem camisa.

Quero morar nessa rua onde vendedores de sorvete passam alegremente soprando suas buzinas atraindo as crianças ao seu entorno, no meio da tarde ensolarada.

Quero morar nessa rua de quitandeiras na calçada e moças formosas desfilando faceiras e graciosas em seus vestidos de seda.

Nessa rua onde há ipês floridos se esparramando nas calçadas e bancos gastos onde repousam senhores, poetas e pessoas de bem.

Quero morar nessa rua onde se ouve bossa nova e esfriam tortas de maçã na janela.

Onde o dia amanhece em silêncio e a noite termina na algazarra dos meninos sentados em frente às suas casas.

Uma rua pequenina, sem endereço e impossível de achar no mapa, pois ela existe apenas na memória extinta do passado.