Proseando com a noite...
Tu noite, que cobres por completo a vastidão do infinito
Que escondes sob suas nuvens pesadas, a ira dos homens!
Suas maledicências e egoísmos, na finitude breve de sua sanha;
Em que todos os dias, de quando vem aproximando seu fim
És mansidão e alento, sustento, esperança, súplica, paz e quietude.
Tu, que para todos reservas o possível, ou, o justo descanso
O repousar e remanso aos bons e o arrependimento dos maus!
Que és sons em silêncios, de dores, por socorro de clamores inaudíveis;
De gentes tristes marcadas, que se desiludem, gemem e são abafadas
Que talvez nem saibam, mas que serão destas, feito o reino dos céus.
Tu, oh senhora plangente, que dás teu farto colo, atenção e guarida
Àqueles que a ti recorrem, tontos, com seus corações aquebrantados!
Ansiosos, por teus longos braços, como última possibilidade de refúgio;
Na salvaguarda de poder continuar existindo, vivendo, respirando...
E enquanto restar-lhes somente a fagulha da espera, novamente vem teu porvir.