Desperto
Silêncio.
Eu inventei um amor, que repousa agora em meus braços.
Não quero desperta-lo.
Há uma vida cheia de ruídos me chamando para a realidade.
Mas quero atravessar mais uma noite ninando esse amor, o embalando delicadamente.
Como quem luta para preservar o mundo de um grande mal que se aproxima.
Fumaça e fuligem.
O fim do mundo vai ter que aguardar,
eu conseguir me desprender desse amor.
E ir me afastando, passo por passo.
E vê-lo despertar sem sufoca-lo.
E concebe-lo, lindo, desperto e sem reciprocidade.