Dois mundos
Não se podia exigir mais nada daquele momento. Em pé sob a soleira, avistava a "criação", nome dado por sua mãe aos animais que ela criava. Quase fugindo à coincidência, viajava no pensamento... o cheiro de terra do quintal, a conversa entre as "comadres" na cozinha, que desvanecida, se escutava como um murmurinho. Tudo irradiava uma tranquilidade e apaziguamento que nenhuma terapia podia proporcionar.
Aproveitando o tempo em que a mãe e as tias preparavam o almoço, aconchegava-se nos braços daquele ambiente caloroso de família, repleto de segurança. Tendo deixado há tempos a vida daquela pequena cidade, pensava em tentar fazer a conversão entre os dois mundos e, inquieto, questionava qual deles caberia no outro. O homem "sabido" da cidade grande se sentia perdido e embriagado pela afeição e acolhimento daquele lugar.
Respirando calma e profundamente, permitia-se a felicidade oferecida por aquele pedaço de espaço que guardava a imensidão do tempo de toda a sua história.