Recomeço em silêncio

Recomeço em silêncio

 Não diga que pensa em mim.

Não diga que fui eu a causa.

Não diga que sofreu desse tanto.

Não diga que não te dei o amor.

Se tiver de dizer algo apontando pra mim,

Se tiver de acusar...

 Acuse o tempo que nos moldou,

Acuse os dias que não voltaram,

Acuse as promessas que evaporaram no vento.

Diga que fomos reféns de nossas fraquezas,

Vítimas de silêncios não ditos e verdades rasgadas.

Mas não me acuse de não ter te amado.

Porque, mesmo em meio ao caos, o amor esteve lá,

Naqueles gestos pequenos, nos sorrisos partidos,

Nos olhares que se cruzaram no silêncio.

Se tiver de culpar alguém,

Acuse a vida que nos levou por caminhos opostos,

Mas nunca diga que não tentei.

Acuse o destino, esse velho desconhecido,

Que escreveu nossos passos em linhas tortas,

Que nos fez caminhar lado a lado,

Só para, ao fim, nos separar.

Acuse as noites em que o orgulho falou mais alto,

Em que o cansaço pesou sobre nós,

E o amor, embora presente, se escondeu atrás das sombras

Dos medos e inseguranças que jamais confessamos.

Se for preciso, acuse o futuro que não enxergamos,

As escolhas que fizemos com olhos vendados,

Sem saber que cada passo nos afastava mais.

Mas não diga que não te dei o melhor de mim.

Mesmo em minhas falhas, mesmo nas minhas quedas,

Eu estive lá, tentando, buscando...

Se tiver de acusar, acuse o silêncio

Que nos devorou por dentro,

Mas não me acuse de não ter sentido,

Porque eu senti, cada ausência, cada palavra não dita,

Cada momento em que, apesar de tudo, eu ainda te amava.

Acuse o destino, se quiser,

Esse estranho que nos colocou em rotas tão incertas.

Acuse as noites de silêncio,

Em que o orgulho calou o que deveríamos ter dito,

E o amor, mesmo ali, ficou escondido

Atrás dos medos e inseguranças que não ousamos enfrentar.

Acuse o futuro que não enxergamos,

As decisões tomadas sem pensar no amanhã,

Quando cada escolha parecia nos afastar ainda mais.

Mas não diga que não tentei.

Não diga que não te dei o que tinha de melhor.

Mesmo nos erros, nas falhas, eu estava ali,

Tentando, acreditando...

Se for para acusar, acuse o tempo que nos separou,

Mas não me acuse de não ter sentido,

Porque senti cada ausência, cada silêncio,

E mesmo assim, te amei em cada instante.

E agora, se ainda houver algo a dizer,

Que seja sobre recomeços.

Porque, apesar de tudo, podemos retomar de onde paramos.

Não é tarde para reconstruir o que foi quebrado,

Para refazer o que o tempo desgastou.

Se houver espaço, podemos reescrever nossa história,

Apagar as mágoas e começar de novo,

Porque o amor ainda está aqui,

Esperando pela chance de florescer outra vez.

Ainda podemos esquecer das noites que não estivemos juntos,

Das palavras ásperas que ecoaram no vazio,

Do silêncio que sufocou os sentimentos.

Mas, se quisermos, também podemos lembrar de cada cheiro,

Cada toque suave que ficou gravado na pele,

Cada riso compartilhado entre olhares cúmplices.

 Ainda podemos escolher quais memórias guardar,

Porque o que vivemos foi real, e o amor, por mais ferido,

Não se apagou completamente.

Podemos escolher recordar o que nos fez fortes,

O que nos manteve juntos, apesar de tudo.

 Ainda podemos esquecer os dias em que nos perdemos,

Em que deixamos o orgulho ditar o caminho,

Mas também podemos resgatar os momentos em que nos encontramos,

Nos detalhes que só nós conhecemos,

Nos segredos que ninguém mais sabe.

 Se decidirmos, podemos deixar o passado onde ele está,

E voltar para o que realmente importa.

Podemos dar uma nova chance a tudo o que sentimos,

Reviver o que parecia perdido,

E, quem sabe, dessa vez fazer tudo de um jeito diferente.

Ainda podemos, se quisermos,

Fazer do nosso amor uma nova história,

Um novo começo, onde o tempo não mais nos separa,

Mas nos ensina a valorizar o que nunca deveria ter sido esquecido.

fernando brasil
Enviado por fernando brasil em 12/09/2024
Código do texto: T8150167
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