Entre reflexos

Eu sou quem sou, e tu és quem és. Mas, no espelho, nossas formas se fundem como se fôssemos uma só. Nossos corpos são parecidos demais, quase uma cópia. Mas não, não somos iguais. Não nascemos uma para a outra. A realidade se esvai enquanto nos perdemos na ilusão do reflexo. Busco me moldar a ti, desejando a tua leveza, o teu modo de viver sem amarras. Tenho inveja da tua liberdade. Gostaria de ter essa serenidade que atrai o que há de belo. Mas, apesar da semelhança, somos opostas em essência. Nosso amor atinge todos ao redor, mas, enquanto tu os encanta com a tua fantasia, eu me sinto perdida no medo de viver a minha verdade. Será que ainda somos iguais? Acho que não mais. Eu me espelho em ti. Por fora, somos idênticas; por dentro, quase. Nossas almas, no entanto, seguem destinos diferentes. Tua fantasia me envolve, mas a minha realidade me afasta. Por que, ao te ver no espelho, parecemos iguais, mas somos tão divergentes? Nascemos juntas, mas nosso destino nunca foi ser uma para a outra.

Felipe M do Carmo e Anastásia
Enviado por Felipe M do Carmo em 11/09/2024
Reeditado em 12/09/2024
Código do texto: T8149337
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.