Confissões de Uma Criança no Aprendizado Espiritual 38

Queria, confesso, através do dedilhar das palavras na tela do ifone, no aconchego do ser que me revelou.

Quisera confessar a todos que minto, que, na realidade, seria aquela de um corpo anímico que maqueia o real do sentir, deturpando e corrompendo a natureza essencial, camuflando um amor ardente vivido por alguém, aquele que anestesia qualquer outra busca, ou aquel'outro que me ocultaria de uma desventura amorosa, que não pudesse ser vivida.

Quisera estar a prosear camuflando a vida almejada, e não vivida , fantasiando um significado fantasma, pseudo sacramentado de sagrado, encobrindo o mar de sofrimento que passei antes daqui.

Sim. Vivi o sofrimento, tenho ele em superabundância na história de vida.

O destino me nega uma vida brilhante, como aquele de uma vida normal, de um indivíduo que sempre contou com a saúde, que teve uma estrutura de um passado de valores morais e ético, rico de sentido e de verdade, que me desse lastro para chegar na vida adulta madura, com sentido e significado.

Não!!! Não faltaram heróis e heroínas em quem eu me espelhasse desde a infância.

Papai, nem digo, meu herói, tenho o cheiro de graxa dele em minhas narinas até hoje quando chegava da oficina, trabalhador dos últimos dias, e o de óleo queimado do interior do carro que tinha, levando eu e as meninas para tudo quinté lugar.

Mamãe, minha menina mãe-mulher, órfã de mãe desde os nove, teve que ser para mim o que não usufruiu, mãe.

Ah!! Mas, não!! cresci em meio ao deserto de valores eficazes, o suficiente para chegar na vida adulta com uma carruagem, mente, cheia de conhecimento, crenças e paradigmas, não passando de uma camela, cumpridora de regras, rábula da vida, tudo ainda para maturar em sentido e significado, para o porquê estar viva, para quê estar viva.

Não tenho tempo mais para dissimulações e hipocrisias, foi triste e pesado representar viver.

A escrita, para mim, não é hobby, nem passatempo, apesar de quê, o que seria a vida sem a prática da arte escrita, falada e aquelas demais, para os passatempos e as diversão. O que seria o mundo sem a energia criativa fluindo do homem. A imaginação?

Mas para mim, a arte escrita tem sido vivida na forma de serviço, depuração, e entrega.

Voltando a prosear, não! Não tenho tempo mais a perder! diferente de Fernando Pessoa, que projetou eus, personalidades para sentires, vivendo nas personalidades, nas crises do distanciamento do Um, deixando para a humanidade perfis psicológicos fragmentados .

Nestas confissões exaradas, o que me move É o eu no presente do indicativo, este que me revelou num indizível sentimento de amor incondicional, sem causa, e sem origem, que me outorgou uma identidade, a de ser filha de Deus, pertencente a uma causa maior, Vida.

Nos doze trabalhos de Hércules, encontramos o desafio da busca da condição de herói, vivendo à partir da observação do mito de Hércules, as crises internas nossas, pastoreando e germinando o pensar, até que consigamos alcançar o domínio e a condução da mente, até a chegada ao lar, Casa Sagrada, morada da Alma, e a conquista da primogenitura, Gema de Ouro.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 07/09/2024
Reeditado em 07/09/2024
Código do texto: T8146353
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