Confissões de Uma Criança no Aprendizado Espiritual 37

Tenho tocado o rebanho, pensamentos, com uma certa frequência.

Atendo ao comando interno, campo intuitivo, da oportunidade, da possibilidade, e da necessidade.

Dia outro, consegui trazê-los juntinhos, acomodadinhos. Um, não atropelando o outro. Juntinhos comigo.

Não havia nenhum desarraigado, perdido por entre pedregais, no deserto da insignificância, ou, ainda, por entre o mato seco, alimentando-se de coisas que já não são mais.

Os pensamentos feridos, estão sendo tratados, no molho do desapego.

Os perdidos, sabe-se lá onde estarão, não me preocupo mais com eles, afinal, tanta coisa nova, inusitada acontecendo, que mesmo com as machucaduras, pede-se estarmos para o combate, a combater pela sobrevivência.

Levei-os acomodados na mente "pianinho", de cedo à noitinha, até pouco antes de dormir.

Outro dia, até me estranhei, não tinha tido nenhuma baixa! Nem um pensarzinho sequer escapou aos meus cuidados, me valia da atenção plena desperta, filtrando o que entrava e saía mente afora.

As palavras que dirigi a outrem, naquele dia, foram pastoreadas de perto, comedidamente. Saiam uma a uma em direção àquele com quem conversava, de modo ponderado, numa parcimônia que até eu estranhei.

Tenho visto mais vezes isto acontecer comigo.

Não é o comum.

Depois que me libertei dos "ais" dos oito meses traqueostomizada , em ventilação mecânica, bipap, e coisa e tal, desandei, passei falar inimpterruptamente, se no diálogo o outro me dá corda.

Ouvir a minha própria voz, comê-la, deliciar-me por ela, do prazer de estar viva no presente do indicativo...tem sido maravilhoso. Ainda mais que nesta segunda chance me vi liberta de mim daquilo que tanto me aprisionou: paradigmas, crenças limitantes, e coisa e tal.

Alguns, na coragem do momento, me interceptam, quando engato num monólogo, trazendo os interlocutores outro assunto, falando mais baixo que eu, ou finalizam o raciocínio, interrompendo minha fala.

É um lado a me polir, me educar. Devo confessar.

Nesses instantes me vejo muitas vezes no destempero, logo, trago à ordem os pensamentos, encurralando-os, que, aos galopes, sai se enveredando pela fala, boca afora.

*** *** ***

Saber ouvir o outro, praticar a economia da energia vital, qualificar e agregar valor às palavras que saem da boca, explorar melhor o não dizer, como força de presença com conteúdo.

Assimilar endemicamente, para ir com a gente no campo anímico quando partirmos, a melhora da prática da ação consciente , eficiente e eficaz, e da arte da não ação, como parte da vontade.

Eis a meta.

O caminho do Tao.

Ah!!! Mas quando estou no propósito

Este que me determina, que me submete, que faz esvair minha força, seja em qual ímpeto que esteja, para estar nele.

Estando a pastorear meus pensamentos e ações, ou não. O sino interno é tocado.

É a inspiração me chamando para a escrita.

Não dá tempo para ir para o notebook. Nestes últimos dias, a intuição tem pedido pressa.

Principalmente quando estou só.

É pela agenda, bloco de notas do celular mesmo.

Dando tempo, ligo uma música clássica no mesmo aparelho( YouTube ou Spotify), e passo escrever.

Esqueço o rebanho, os filhinhos, primos e amigos que criei na mente, pensamentos, ficam todos à deriva.

Passo escrever num frenesi. Meu ser é tomado por uma entrega indizível para o momento. Realizo algo que é eterno em mim, comum, como se estive em Casa há muito.

Me toma uma sensação de pertencimento a esta humanidade que interajo, passando realizar o serviço. Para mim, e para ela. Humanidade, comunidade Terra.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 06/09/2024
Reeditado em 06/09/2024
Código do texto: T8145534
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