Perda

Amparada por filhos e noras,

ela chegou da cerimônia onde

beijou pela última vez o amor da

sua vida.

Naquele momento

era confortada por todos,

e até mesmo bajulada,

coisa que não acontecia havia muito.

Vencida pelo cansaço, foi para a cama.

De lá, ouvia-se os sons da área externa

que, respeitosamente e quase que em meio ao

sentimento de culpa,

recuperava precocemente a vivacidade

da normalidade.

Ela dormiu.

Quando acordou,

apenas o silêncio se encontrava

presente ao seu lado.

Sentiu vontade de chorar,

porém suas lágrimas eram tímidas

e desde outrora eram pouco afeitas

a inundar as linhas de expressão.

Com moderada dificuldade,

levantou-se e

preparou um café.

Consultou as horas no relógio

imortalizado na parede: ainda era cedo.

No velho rádio de pilhas, ouviu a previsão

do tempo, o dia prometia ser quente,

ideal para o preparo da massa do pão.

Seus netos adoravam o pão caseiro da vovó.

Ao raiar do dia, saiu apressada para

comprar mais farinha e ovos.

Renato A
Enviado por Renato A em 04/09/2024
Código do texto: T8144465
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