Sobre a velocidade do tempo
Um tempo ignorado
Esquecido num canto qualquer da memória
Recolhido entre tantas outras memórias
Que prefere ficar ali
Quieto, inerte
Como se nada mais importava
Como se a infância igualmente esquecida
Passou sem se dar conta que existia
E já adulto e velho
Se sentia velho aos 25 anos!
Não alimentava nenhuma ilusão sobre o futuro
Era um homem do passado, macera no passado antes mesmo de sua chegada, dizia
Não alimentou saudades, nem as provocou, jactava em frente ao velho espelho, única testemunha das rugas dando os primeiros sinais
Aquele rosto de 25 parecia 60, deixou escapar numa conversa com Júlia, a vizinha de parede
"Um tempo ignorado, tudo foi tão rápido que não tive tempo de viver"
Balbuciou antes do último suspiro