Enigma
Cadê a poesia que tava aqui? Não é possível! Não existe nenhum vestígio das palavras que espalhei exatamente aqui, nesse cantinho da casa. Não posso ter sido tão displicente ao perder o caminho que tracei para me encontrar quando estivesse completamente perdida. O que eu fiz com os versos de mim? Não tem nem um pedacinho de papel por aqui! Desespero. Levo as mãos até a cabeça encostada nos joelhos. Solto o choro preso há tanto tempo. Deixo o rio de lágrimas correr por todo meu corpo. Estremeço. Sinto muito frio. Com os olhos fechados, tento respirar profundamente. Os espasmos se aquietam. Estou exausta. Um pouco de sono talvez me faça bem. Tão cansada… Deito sobre o chão gelado, enfim, adormeço. Aqui! Encontrei! Palavras como restos de folhas secas pelo chão da floresta. É um lindo dia de sol. Nem parece inverno. Tenho uma lembrança boa da noite de sono profundo depois de tanto tempo. Algum enigma aqui dentro. Sensação de que esqueci alguma coisa importante. Procuro nas gavetas do coração. Todos os meus poemas habitam em mim.
*Si*