A Garota e o Espelho Quebrado

Ela era a garota do espelho quebrado, cujas peças não se encaixavam mais. O rótulo, frio e cruel, pendia sobre seus ombros como uma sombra, uma marca que ninguém via além da superfície. Na escola, ela era a "facinha", um estigma que a sociedade se apressou em colar, sem jamais olhar mais além de uma primeira impressão.

Nos corredores, as palavras lançadas como flechas afiadas encontravam seu alvo. Risos disfarçados, sussurros que se arrastavam pelo ar, e olhares que diziam mais do que qualquer insulto verbal. Cada dia era uma batalha invisível, onde a dor se misturava com a poeira dos corredores e o brilho apagado dos olhos que procuravam uma fuga.

O espelho, aquele que refletia a imagem distorcida de sua essência, era o único companheiro que compreendia o silêncio das lágrimas. Ela se via em fragmentos, pedaços de uma identidade despedaçada por julgamentos e mágoas, como se a palavra "facinha" fosse a única história que ela poderia contar.

Mas quem realmente olhou para além das aparências? Quem se atreveu a ver a alma que se escondia por trás das paredes de um muro erguido pelo medo e pela vergonha? Cada risada que ecoava pelos corredores era um grito abafado de uma jovem que só queria ser compreendida, não pelo que mostrava, mas pelo que realmente era.

Karolin moraes
Enviado por Karolin moraes em 03/09/2024
Código do texto: T8143656
Classificação de conteúdo: seguro