Repaginar

 

 

Pouco sol, pouca chuva, poucas vontades.

Os dias seguem tão mansos dando a impressão

de que não vai mais cair uma outra noite.

Quem me viu por aí, digo que foi um engano,

eu já não estou mais em parte alguma.

Sobrevivo à mesa, alpendre solitário de quintal,

sem vontade, sem saudade do que não vivi.

Opções vazias, livros espalhados, noites frias.

Perante o final de tarde, o pássaro solitário canta

no alto do telhado... caneta sem força, e quieto

o computador, num eterno instigante indagar!?

_Não vai mais escrever? Onde está o seu amor? 

O que você faz aí tão silenciosa e pensativa? Escreva

uma carta apaixonada ao seu amado, conte outra vez

desse amor. E triste respondo... _ Ele não quer mais

o meu cansativo (eu te amo) não me ouve, escondeu

de mim a sua alma e o seu lindo sorriso recolheu,

mais discreto do que nunca se tornou, ele me esqueceu.

Então foi assim que  aquietei o desejo de ser feliz,

que triste é amar sem ter amor. Pela sombra eu vou,

sem nenhum papel nesse cenário, nada para repaginar,

sem passado, sem presente, calou em mim qualquer

jeito de história para contar, feito um pálido peixinho

que aos poucos se apaga no aquário, sou um peixe

diferente, quase morrendo fora do mar.

 

Liduinado Nascimento

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Enviado por Liduina do Nascimento em 03/09/2024
Reeditado em 05/09/2024
Código do texto: T8143401
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