Outra noite

 

 

O sono acomodava os pensamentos,

vencido estava o dia, nas flores coloridas

guardada a efêmera dedicação.

No olhar, um rosto nas flores, se fixara,

tantas outras como os sonhos murcharam,

antiga era a sua ilusão.

 

O inexistente de repente se tornara

distante. Era como lembrar dum amor silencioso

perdido, foi exagero, as páginas em branco

à cabeceira.

Nunca tanto silêncio como esse de agora,

o pulsar no ritmo da ventania lá fora.

A falta de inspiração causava alívio, esquecer-se.

Quem sabe o amanhecer lhe traria de volta.

 

Outra noite...


Quanto aos poemas, agora não... É que os poemas

da noite saem sempre mais exagerados,

angustiados, perdem a razão. Luz apagada, nítida

claridade da lua com gosto chegava a melancolia,

tão longa a noite, longe está o querer alcançar

o outro dia. 

 

A porta aberta à esperar chegar o medo, o sono

apagou os sonhos, não se atreveria à escrever sobre

o que desagradasse uma sã alma, restava dormir

desprovida de emoção, o perigo estava mais  dentro,

do que na rua.

 

Liduina do Nascimento


 

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Enviado por Liduina do Nascimento em 03/09/2024
Reeditado em 06/09/2024
Código do texto: T8143338
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