EU PASSANDO
Caminho...
Meu corpo centrado
Meus pés se movem para o sul
Os fantasmas do passado me acompanham
Me assombram, atormentam.
E sigo...
Sentenciado, condenado
Pelos males herdados
De alguns ancestrais imortais.
Eles mataram, destruíram, aprisionaram...
E eu não fiz nada disso.
Agora atacado, preciso reagir, lutar...
Por que?
Estou pendido, enforcado, aprisionado
Estigmatizado!
No passado caluniador, opressor,
Que não vivi.
E hoje sou cobrado, caluniado!
Isso é justo?
Isso é certo?
Não fui eu quem causei tantas mortes,
Não lutei, não julguei, não condenei.
Foram os fantasmas do meu,
Do nosso passado.
Sofreram, sofrem, são vingativos....
Mas, eu não sou eles, eles morreram
E ainda matam, sofrem...
Eu estou vivo, sobrevivendo
Sabendo que sou
Exclusivo
Singular.
Meu espírito agora procura a luz
Livre da cegueira do passado
Posso ver
Não preciso me defender
Àqueles não são meus feitos
Nem servem como defeitos.
Caminho
Seguindo
Meus passos estão norteados
Talvez, cansados
Mas, os fantasmas do nosso passado
Já foram abandonados
Levaram o orgulho insano
De algum ato tirano
A amargura da tortura
Que não serve como ventura.
Eles passaram
Eu passando.