Amor em meio ao caos
No coração de um parque, onde o verde abraça o céu e o vento sussurra segredos antigos, caminhávamos de mãos dadas, como se o mundo fosse nosso. Mas em um instante, o trem que nos levava do desconhecido subsolo para a luz do dia nos separa. Suas portas se fecham, abruptas, como um destino que se interpõe entre nós, deixando-me só, enquanto você fica do outro lado, a promessa de segurança rompida.
O ar pesa com o cheiro de fumaça, e uma explosão, sem rosto ou motivo, rasga o silêncio. Corpos correm, a multidão se desfaz em gritos, mas meu olhar é cego para tudo, exceto a ausência de você. Desesperado, entre as chamas que dançam, te encontro desacordado, caído como um anjo ferido no inferno. Com lágrimas que ardem tanto quanto o fogo ao redor, te carrego nas costas, um peso que é leve por ser amor, mas que pressiona como a vida se esvaindo.
Então, em um sopro de esperança, sinto sua mão se mover, pequena faísca de vida que reacende meu peito. O alívio é uma torrente, inundando minha alma enquanto suas palavras ressoam como música. Minhas lágrimas, antes de dor, se tornam gotas de gratidão, e em um impulso de vida, corro para um lago próximo, em busca de um banho que limpe não só a fuligem do corpo, mas as angústias da mente.
Mas o lago, que deveria ser refúgio, guarda seu próprio terror. Uma menina de olhos antigos me avisa do perigo — aranhas magnéticas, criaturas que se prendem, violentas, como medos que se recusam a partir. Sinto-as grudando em minha pele, e o desespero ameaça voltar. Mas você está ao meu lado, removendo-as com cuidado, como se, juntos, pudéssemos afastar cada sombra que se insinua, cada temor que rasteja.
E assim, nesse misto de caos e carinho, percebo que a vida, com suas explosões e incêndios, seus lagos traiçoeiros e criaturas sombrias, é um terreno onde o amor, mesmo ferido, ainda encontra força para resistir. Com você ao meu lado, sinto que, apesar de tudo, as portas do trem sempre se abrirão de novo, e juntos, enfrentaremos cada incêndio, cada aranha, até que o mundo, enfim, seja nosso outra vez.