Memórias do poema

Há uma dor profunda que nasce do poema do Poeta, uma dor que ressoa em cada canto do meu ser. Vejo-me refletida em cada verso, não como protagonista, mas como alguém à margem, tentando compreender um afastamento que escapa à razão. O amor, que deveria ser bálsamo para as feridas, parece se transformar em algo que fere ainda mais. Um amor que, em sua essência, deveria trazer esperança, acaba por se tornar o motivo de uma distância que se alonga dia após dia.

A cada poema, sinto que ele se afasta um pouco mais, deixando para trás uma trilha de desculpas e dores que se acumulam, como se quisesse deixar claro que não há espaço para mim em sua vida. É uma rejeição sutil, mas constante, que se infiltra em cada gesto, em cada palavra não dita, em cada atitude que parece empurrar-me para longe, ao invés de me acolher.

No fundo, talvez seja o Poeta que fala, envolto em sua própria melancolia e tristeza. Mas o homem por trás dessas palavras, com suas ações cotidianas, parece decidido a me afastar. E eu, que tantas vezes procurei entender, que tantas vezes tentei me aproximar, me vejo perdida entre o que o coração deseja e o que a realidade impõe.

Este amor, que deveria ser um caminho de aproximação, tornou-se um labirinto de incertezas e mágoas. E a cada passo que dou, percebo que, em vez de caminhar em direção a ele, sou levada para uma distância que não sei se conseguirei cruzar.