Confissões de Uma Criança no Aprendizado Espiritual31
Na cultura antiga, em sua grande maioria, os indivíduos passavam da adolescência para a vida adulta, com a ajuda de ritos e iniciações.
O objetivo principal era separar os filhos da sua mãe, primeiro fisicamente, depois, psicologicamente.
Estes trabalhos eram realizados logo após a puberdade, e feitos pelos homens velhos da tribo. Geralmente as mulheres eram impedidas de observar ou participar dos rituais.
Mircea Eliade, explica em um de seus Livros, Ritos, Símbolos e Iniciações, que existiu um rito antigo de iniciação. Os pais culturais da tribos, vestiam-se de Deuses ou Demônios, arrancavam o jovem da cama a noite, era a última vez que viam a sua mãe, às vezes por meses.
Eles levavam o jovem para uma caverna, o enterraram vivo, ou o mergulhavam em algum tipo de escuridão literal ou simbólica.
Esta primeira etapa representava a morte simbólica da infância do jovem, a perda do paraíso, e das alegrias da irresponsabilidade, a mensagem de que não poderiam mais voltar para casa.
Após o rito da morte simbólica da infância, era realizada a cerimônia de renascimento que marcava a transformação do jovem em adulto maduro.
Daí, os anciãos o ensinavam o conhecimento, a sabedoria da tribo e o enviavam ao deserto.
Ali, passava-se muitos meses, e o jovem sobrevivente lutando por sua sobrevivência.
Retornando, era acolhido na tribo como um membro adulto.
Esperava-se que o jovem havia superado seu complexo com sua mãe.
A imaturidade e a dependência já não eram aceitáveis, dada a intensidade e a natureza, por vezes violenta deste processo de iniciação.
Os antigos, ao que parece, separar um jovem de sua mãe era tarefa essencial, que exigia tarefas decididas.
Hoje, isto não se vê mais em nossa cultura.
A nós, adultos, que temos menores sob nossos cuidados , há de esperar que sirvamos de referência para que tenham algo a lutar neste mundo.
Para encorajar um jovem para romper com as comodidades da infância, é preciso convencê-lo de que há algum lugar onde valha a pena ir.
Diz ainda a sabedoria da psicologia profunda, que os filhos precisam ver os pais atuando no mundo, mostrando a eles como se comportar no mundo, como trabalhar, como se recuperar da adversidade, da ativação da sua masculinidade, o ímpeto para a ação.
As questões da figura do pai ausente, físico, ou afetivamente, e a da mãe devoradora, superprotegendo o filho.
Eis o desafio para os ajustes e a busca do equilíbrio.
O quanto teremos, os adultos a se curar. E a geração que está sob os nossos cuidados. O que terão para ressignifhcar?
E eu? Está criança, aprendiz no caminho espiritual.
Conseguirei, definitivamente, estar apta um dia para alcançar novos oceanos? Perderei de vista a costa?
Confesso.
Muito tenho a realizar dentro.