Fieira Longa
Fieira longa, enrola, enrola, enche o papo no laço, colapso, teias certas de ida e vinda. Perdeu o nó, ficou só. Aperta aqui, acolá, alinha a reta, refaz o caminho do linho. Pouco tempo frisando o piso, regala a palha. Paleta colorida aumenta a vida, sem tecer o ser no belo amanhecer.
A vontade vai e vem com desdém, além. Divina comédia do dia, alinha o ser. Fieira se desfaz, novamente desenrola, perde o fio, vira um pavio. Paciência vai, paciência volta, visão embaça na linha que não tinha. O vaso em frente, com sua flor incandescente, parece um sol reluzente, amarelo potente, mas o fio se foi, infelizmente.
Eficácia pendente na janela cadente. Música virou lente na frente, ouvidos calientes de amor, promessas ardentes. Voo no pente da corrente na mente. Sonho vil, cabal, novidade extrema. Navegar no solo frio, como um navio no mar bravio. Fieira longa na vida de um novelista desfiando o fio.