Patuá
Hoje decidi usar meu anel da sorte. Aquele de prata que tenho desde os meus treze anos, já nem lembro de onde ele veio. Não que eu precise de amuletos, patuás, santinhos. Atualmente já não me preocupo tanto com inveja, olho gordo, quebranto, meu olhar está voltado para dentro, ando banhada sob a proteção de um poderoso e atento autocuidado. Muito mais me preocupo com o que emito, do que com o que recebo. Quero cuidar da minha energia. Estar sempre alerta para agradecer cada detalhe, não perder nenhuma pequena benção. Os presentes estão por toda parte. Tenho aprendido bastante. Paciência, por exemplo. Uma virtude difícil. Parece um exercício de paz para lidar com o outro. O que muitas vezes nos distraímos, e acabamos esquecendo é de ter paciência com os ciclos da vida. Com nós mesmos. Com os dias de chuva. Com os planos que não saíram como esperado. Com as curvas da estrada. Com o mundo. Quando tudo gira, o universo puxa o freio de mão, e pára. Tudo o que resta é confiar. Repousar. Enquanto nossa vontade é correr livre, leve, soltinho. Paciência. Porque o sol volta, brilhante, robusto, laranja e lindo. Por isso decidi usar o meu velho anel de prata. Para celebrar. Para me lembrar quem ainda sou. Quanto preciso respeitar meus limites, sem me limitar, exercitar essa tal paciência, ainda uma estranha, e confiar. Um dia tudo se estabiliza. Leveza sempre volta, suave…
*Si*