Flores que caem
A saudade muitas vezes tem cheiro de terra molhada
Das chuvas esparsas que se despedem do inverno
Assim, como os amores prematuros
Existem as flores que caem
E não passarão pelo próximo verão.
Mas não é de todo mal, se molhar com as águas da chuva
Se entregar aos desejos de cada estação
Se esvair nas correntezas de um dia cinza
Tentar fugir, ou se acuar em alguma beira
Não vai ser a solução.
Deixa ela cair, tocar o chão
Quem sabe o vento leva
E sopra ela, lá na minha janela
Talvez já seja o verão
não importa, qualquer estação.
Não sei, não tenho certezas
por venturas, um vinho ou um cafezinho
Um copo de água ou um vaso vazio
Qualquer coisa que faça ela durar
Mais um tantinho.