"Os deuses fiaram a ruína dos homens, para que poemas fossem gerados à posteridade"
Na imensidão do meu ser, submerso em mim mesmo, na esperança de um dia conhecerem-me. Mas com a angústia daqueles que indubitavelmente são vistos na neblina da incompreensão, como uma assertiva angústia que desprende de mim e ascende para o espaço-Outro, bem aquém de mim. A metáfora em consonância com os conceitos da ciência do inconsciente, da poiesis como scientia, a analogia como caminho a indicar a hermenêutica... e o "silêncio" a eles incompreensível que paira sobre o julgamento que têm aquém sobre mim. E nesta falta de crítica da faculdade do juízo, prendem-se à mais dúbia experiência fenomênica, jogados ao triste relento da impressão confortadora, que reconforta apenas o ego e afoga a alma. O meu ser entristece-me como um barquinho no oceano das reflexões em uma noite estrelada, sozinho; pois, apenas sozinho, com tudo estou e em mim tudo jaz o que é como concepção proveniente de um pensar analiticamente clínico e humano. Como um pensar para além da razão pura, que critica a si mesmo, como em um suspiro do ideal iluminista e dos filhos órfãos da Crítica. Abençoem-me ao me "alvejar". Se julgas "acertar", digo-me apenas nisto, nas sentenças em um contexto de significação em si ambígua. A língua mente e a semântica é um jogo. Como poderia vim a estrutura, em última instância, determinar a sintaxe, se o contexto determina o significado e este, a semântica? Conceituação esta válida, em um sistema de consequentes mórbidos.
Sou as modalidades do impossível, como a língua dos nadas. Em reverência a honra do calar-se daqueles que sorriam com o silêncio e aquém de todos os egos desfilaram no ser-com, deixo estas referências ditas de alta cultura. Em um consumir intenso de saberes, abri a minha mente ao infinito e aceleradamente o espaço foi comprimido e o tempo para mim cedeu, assim, a verdade permaneceu a mesma; apenas a verdade com o Cronos possui o segredo da interdependência entre todos os entes reais materiais e mentais com o todo que rasga a si mesmo e retorna ao princípio. Em relação a este princípio, as possibilidades são infinitas, assim como as incertezas. Em um panorama drástico, didaticamente te conduzo à dança do universo e conto-me na história como o autor personagem de si mesmo. Perco-me para verdadeiramente ter algo a dizer e julgo eu que já o disse. Que a natureza se fez nua a mim diversas vezes, por deveras sublime e sem pudor, desvirginou-me da ignorância, tornando-me nobre.
A diferença, pois, entre os poemas possíveis do aprendiz e do mestre, que é um eterno aprendiz, reside, vos digo, na capacidade de silenciar-se verdadeiramente, como um ato heroico do último ato. Desbravando a guerra das sombras, agitam-se as águas das emoções, os juízos com as impressões, o transcendental e o transcendente da razão que, em substância, deve definir a si mesma, a conceituação válida aponta a causa final de tudo e o belo que é saber e fazer, pois a teorética sem a práxis é vã. Neste sentido, um mestre nunca o é, pois jamais verá a si mesmo como tal. Seus olhos, ao fitar o inalienável horizonte do impossível, inalcançável ao menos em vida, vêem a si mesmo, e é a si mesmo o dever-ser, a verdade do caminho e a escolha de identificar a obra em obras que não são mais as mesmas. Em serviço do propósito e da liberdade, opta por ofuscar o próprio nome por tempo indefinido. Trazendo à vida as palavras e os símbolos, reconforta no horizonte os que ficaram e o vê no infinito.