Faxina interna
Procurou por toda a casa.
Sob o tapete, só poeira restava.
Dentro do armário, garfos e facas.
No seu guarda-roupa, peças dobradas.
Guardava o item de valor.
Mente nublada, cegueira, torpor.
Esquecera aquilo que tanto prezou,
"Em qual lugar está?" A si perguntou.
"Aonde foi parar?" "Cadê?"
Cabisbaixo, triste, "deprê",
Os nervosos dentes a morder.
"Esse item não posso perder!".
Ansioso em meio à cegueira,
Procurou até na lixeira.
Embalagens e restos de bagaceiras,
Nada achou, além de sujeira.
Aquela mão que selava o lixo,
Foi perfurada por algo com brilho.
O incômodo tátil agudo sentido,
Momento seguinte, motivo de riso.
De si próprio soltou a gargalhada,
Encontrou o item quando o lixo fechava.
Na sua mão, a peça que procurava.
"Em pensar que revirei toda essa casa!".
Reluzir não é exclusivo do ouro,
O item de prata era mais precioso.
Abstergeu e encontrou o tesouro,
"Casa" limpa e cheirosa de novo.
Este poema tem o intuito de enfatizar a importância do autoconhecimento. É um lembrete de que quando não paramos para filtrar e/ou entender nossos processos mentais, permitimos que ideias ou situações negativas adentrem o espaço da nossa psique, gerando emoções e pensamentos que funcionam como lixo acumulado dentro de uma casa. Podemos, e certamente vamos, por vezes, esquecer quem nós somos, mas se guardamos ainda que um pouco de tempo para olharmos dentro de si e limparmos nossa "casa", é possível encontrarmos algo de grande valor.