Fui!

Simplesmente fui. Vesti meu melhor sorriso e saí. Não, eu não preciso de salto alto, batom vermelho ou cílios postiços. Minha elegância vem da alma em paz. Do silêncio de quem sobreviveu a muitas tempestades. Nunca me senti tão linda, tão livre, tão plena. Era um domingo de céu azul, calor gostoso depois de dias de um frio intenso, alma sonolenta, corpo preguiçoso. E já nem era importante o destino, caminhar era o suficiente. Um bem precioso. Das ausências fiz meus recomeços. E a cada reencontro eu me sinto mais forte. Bom mesmo foi perceber o quanto ainda me divirto na minha própria companhia. Me reconhecer inteira ainda que sendo múltipla. Não há nada linear. Minha mente é plural. Unicamente um conjunto de muitos nós. Amarras desfeitas. Laços eternos. Um emaranhado de pensamentos e palavras. O amor flui suave na serena intensidade das horas. E eu fui. Simplesmente abracei o desconhecido, entreguei o coração. Fiz tudo o que pude até aqui. Agora tenho a liberdade de escolha. De seguir linda ainda que o mundo desabe. Já aprendi que o caos é a morte que traz a ordem de algo inimaginável. Não há o que temer. Esse é o tempo de construir outros ares. Aprender outras formas de existir. É chegado o momento de deixar meu barquinho à deriva e sair dançando na leveza dos dias, na certeza de que tudo está em seu perfeito eixo. Se hoje tudo é caos, amanhã será uma nova existência. E eu vou sair pra ver o sol. Ainda mais linda, ainda mais livre e muito mais feliz!

*Si*