PINTANDO ESBOÇOS

Hoje acordei ao som de dissonâncias.

Baden, João, Menescal.

Notas sem partitura, ao léu.

Olhei pra janela,

fechei a cortina.

Sem dar-me conta, violão na mão!

Vinte anos inerte, mudo em seu canto,

num estojo negro,com forro de veludo vermelho.

Vinte anos sem platéia, sem palco, sem arte

e sem aplausos...

Eu não quero tocar violão, pensei.

A mão tesa,

dedos enrijecidos. Faltou uso, prática diária.

Introdução executada, literalmente sem vida.

Peguei-me distraido tentando..."Marina"!

Licença "Caimi", disse, desculpando-me depois.

Meu fôlego bêbado por notas misturadas

só cantou:-"Marina, morena Marina, você se pintou"...

Violão sobre o colchão,

fui pintar o retrato de "Marini",

sem um filete de acadêmico, só pura abstração.

Marini me trouxe "Elis em "Fascinação"...

De longe meus olhos tocavam o violão.

De perto, minhas mãos tocavam um esboço.

Nada mais.

Chorei,

notas de saudade.

Chega!

Fui dormir, talvez eu sonhasse com Marini.

...

Don Diego
Enviado por Don Diego em 11/01/2008
Código do texto: T812447
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