Carta de Denúncia (Vítima n° 183.712-960)

A prosa poética "Carta de Denúncia (Vítima n° 183.712-960)" explora o tema do poder opressor e a corrupção que devora a inocência e a esperança. É utilizado imagens sombrias para ilustrar um cenário de manipulação e sofrimento, onde a verdade é sufocada e as almas são sacrificadas. O texto revela uma denúncia contra a hipocrisia e a crueldade de uma elite dominante, clamando por justiça e redenção em um ambiente de desespero e silêncio.

 

 

Em meio à penumbra dos salões dourados, onde o poder absoluto se oculta sob mantos de respeitabilidade, eu, uma alma condenada, sinto o peso da escuridão. As sombras se entrelaçam, formando um labirinto de segredos e crueldades que poucos ousam desvendar. Nas profundezas dessas câmaras ocultas, a verdade se transforma em um espectro terrível, onde a inocência é dilacerada por mãos impiedosas.

 

Em cada canto dessas salas secretas, ecos de súplicas ressoam como uma sinfonia macabra, um lamento contínuo de vidas desfeitas. Os sussurros, suaves como serpentes, falam de pactos selados com sangue, onde almas são negociadas como mercadorias. Lágrimas são colhidas e sacrificadas em rituais inomináveis, cada gota um testemunho do horror que se perpetua.

 

Os olhos, uma vez brilhantes de esperança, agora são janelas para um abismo de desespero. As promessas de progresso e iluminação são máscaras que escondem intenções nefastas, onde o conhecimento é distorcido para servir aos desígnios sombrios de uma elite insaciável. Homens e mulheres, cujos corações batem com a sinceridade da verdade, são arrastados para um destino pior que a morte, suas vidas consumidas por um fogo invisível de corrupção e depravação.

 

Oh, como a luz da razão se apaga sob o véu do poder absoluto! Aquelas almas ingênuas que acreditam na pureza dos ideais são tragadas por um redemoinho de malícia e manipulação. Cada palavra sussurrada, cada gesto oculto, é uma peça no tabuleiro de um jogo cruel, onde a vitória é medida em vidas destruídas e sonhos esmagados.

 

Eu, prisioneiro dessa conspiração obscura, clamo por justiça que nunca virá, por uma redenção que permanece, além do alcance humano. Meus gritos são abafados pelas paredes de silêncio, meu sofrimento invisível aos olhos daqueles que se deleitam na ilusão de controle. E assim, a verdade permanece enterrada, um segredo sombrio que persiste na escuridão, esperando o dia em que a luz da justiça finalmente a revele.

Lorena Borba
Enviado por Lorena Borba em 07/08/2024
Reeditado em 07/08/2024
Código do texto: T8123696
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