Raros Silêncios
Noites e dias atravessei meus parques vazios cobertos por folhas secas. Algumas luzes dançando nas ruas adiante, frias como eu ao vento com alguns madrigais nas mãos, me faziam pensar quando acendem e quando apagam dispersando pirilampos.
Já contei histórias de silêncios com correntes invisíveis presas aos pés e os barulhos falando alto demais. Segurava os soluços nas mãos fechadas, segurava forte as cordas do meu navio ancorado no cais, e um respirar ofegante de ansiedade soltava as palavras nas páginas em branco sem refletir.
Abri portas, filtrei imagens, e quando as âncoras se soltaram, igualmente me soltei n'um mundo obscuro - rude moço sem bons modos!
Lá fora estava tão escuro...
Já chegara a hora de voltar. Voltar-me para dentro, mas sem medo, lhe ouvindo dizer-me: "agora você pode voar, meu bem."
Teresópolis (RJ), 29/10/1982