Hades
Depois de um longo e tenebroso inferno… Isso mesmo! Uma visita demorada aos porões. Um mergulho abissal de cabeça nas sombras. Como é difícil abrir os olhos. Ah! E essa minha alma romântica, sempre me pregando peças! Eu, desfilando por aí, toda, toda, benevolente, proativa, um poço de candura. Por dentro o coração aos trapos. Tão anestesiada de falsas verdades que nem notava. Não sentia. Quase não respirava. E tinha certeza que a vida no raso era o lado certo. Eu voltei. Descabelada. Suada. Exausta. Das profundezas, lúgubre, outro lado. Esfaimada, infértil. A pergunta também é a mesma: como pude fazer isso comigo? Não é cobrança, é susto. Fiz um longo caminho de reconstrução, às cegas, não percebi que caía lentamente nas mesmas armadilhas. Gosto dos adjetivos inadequados para dar o peso necessário às frases. Um cenário surreal coerente com o caos que se revela. Fato. A vida mais uma vez sacudiu o tapete, esfregou a sujeira na fuça, e como culpar qualquer outro objeto além da minha própria incúria? As palavras são meu bote de salvação. Vão me levar de volta para mim. Nesse caminho criativo, pulsante, cheio de cores, novos sabores e outras estratégias. Preciso me priorizar não como proteção, mas como uma forma linda de autocuidado. Fortalecer esse amor a mim, com todo carinho que eu mereço. Tudo bem, pode ser um novo surto. O mesmo susto. Um soluço, um sopro… Que seja o que for. Se a vida me pôs às avessas é hora de me divertir!
*Si*