Confissões de Uma Criança no Aprendizado Espiritual 21

Confissões de Uma Criança no Aprendizado Espiritual 21

Não será possível ser valente, na soberania do livre arbítrio, buscando resultados para si num primeiro plano.

Não poderei deixar de lembrar que deverei ter cautela.

Abandonar o discernimento , antes, e no decorrer das ações nesta aurora da caminhada, no Aprendizado Espiritual, seria loucura.

Serei a primeira a que deverá ver.

A vida não cabe ensaios. Lembram?

*** *** *** ***

Uma Criança, há quase dia, mais uma vez dá o sinal, a mostra a mim, o exemplo de como um caminhante peregrino deve estar, aprendiz no caminho espiritual, independente de como pode ser visto pelos outros, estando sob o manto da inocência, submetendo suas ações à Luz da Consciência, campo intuitivo do Ser, cuja regência é da Soberania do Sagrado Feminino, Sabedoria Divina, fluindo como a correnteza de um rio.

Foi na praça. Estava com minha filha. Ela, conduzindo o nosso cãozinho para fazer o xixi à tardinha. Eu, no carrinho motorizado a acompanhando.

Passamos próximas a uma mulher e uma criança, que deveria ter uns três, quatro anos. Era um menino.

De onde estava, olhou para mim. Disse:

---- o que é isto? Apontando o dedinho em direção às minhas pernas.

Olhei para ele, e disse:

É um carrinho motorizado.

Respondeu:

---porquê usa isto?

---porque minhas pernas deu dodoi, necessito do carrinho para andar na rua.

A criança, ainda na dúvida, redarguiu:

--- nãoooo, o que é isto?

A mãe falou:

---- é um chaveiro, acompanha a chave que liga o carrinho.

Era um polvo, amarelo gema, feito em crochê( amigurumi), que uma amiga fez com muito carinho, e me deu de presente.

O menino levantou do colo de sua mãe, aproximou de mim, e foi matar a curiosidade. Apertou o chaveiro, disse que queria um igual para ele.

Imediatamente após, de uma espontaneidade tremenda, virou para mim e jogou seu corpinho em direção ao meu, abrindo os braços, me dando um abraço.

Não me recordo que tenha ganho um abraço espontâneo de uma criança tão pequena, além de minha filha.

Era para mim aquele abraço. Senti o toque de Deus naquele momento.

Falei a mãe dele, na ocasião, muito feliz, que nunca tive tantos encantamentos para ganhar a atenção de crianças, que o filho dela era especial.

Curioso que recentemente havia conversado com uma mãe do círculo de um grupo de que participo. A colega disse que o filho dela fica muito feliz quando me vê( é uma criança encantadora, tem dez anos), que até perguntou ao filho se ele gosta de mim porque tenho deficiência nas pernas, mas ele respondeu que não, que era porque gostava de mim porque gosta mesmo.

E não é que certo dia, terminando a apresentação junto com a turma de pais, em uma peça de teatro na escola, onde fui uma das narradoras, o referido menino interceptou meu caminho, e me disse, com os olhinhos lacrimejando.

-----Márcia, você foi a melhor artista da peça. Eu gosto muito de você. E daí, eu o abracei. Disse a ele:

---- quando me vê, é você que se vê. Nunca se esqueça que você que é muito especial.

Ainda, na praça, o Bob fez suas necessidades. Retornando, próximo onde estava o menino que havia gostado do chaveiro do meu carrinho motorizado, ele, que estava brincando com outras crianças, disse:

---- peraí!!!!! Vou dar um abraço na vovózinha! Falou bem alto.

Chegou até mim, e me deu um abraço.

Minha filha, que ainda é criança, olhou para mim, e fez uma careta.

Esperou aquela bela criança me dar o abraço, que jamais irei esquecer. O abraço de Deus.

Disse, furiosa:

---- não acredito que este menino te chamou de Vovózinha. Não acredito.

E eu, ri muito. E no riso, o discernimento, a compreensão operando.

A criança do abraço, inocente no pensar, sentir, e no agir, despreocupada com o que os outros iriam achar, realizou suas ações na inocência Sagrada, onde mora a bem aventurança, casa de Deus.

E eu, o presente, o abraço, a lembrança. O aprendizado.

Realizar o serviço no caminho espiritual, desapegada do resultado. Servir por servir, amar, reencantando-me em superabundância pela vida.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 01/08/2024
Código do texto: T8119883
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