Jogo de Sombras
Na dança das sombras que projetamos, a realidade se esconde, sutil e escorregadia. Vivemos um teatro existencial, onde nossos medos e desejos encenam a tragicomédia do ser. Em cada movimento, em cada palavra, esboçamos fragmentos de uma verdade que nunca se revela completamente. Somos tanto os atores quanto o público de nossas ilusões, ensaiando e aplaudindo as mesmas cenas repetidamente.
Melancolicamente, rimos do absurdo de buscar sentido em um palco efêmero, onde o roteiro parece mudar a cada instante, mas a trama central permanece a mesma. O tempo, esse diretor implacável, nos obriga a improvisar em meio a cenários desmoronando. E, nesse caos organizado, tentamos encontrar um propósito, uma razão para continuar.
Sarcasticamente, nos aplaudimos pela maestria com que interpretamos a farsa da vida. Afinal, o que é a existência senão um jogo de sombras onde a luz da verdade raramente brilha? Nossos esforços para capturá-la são vãos, pois ela se esvai entre nossos dedos como areia. A busca pelo autoconhecimento é um labirinto sem saída, onde cada descoberta revela mais perguntas do que respostas.
E assim seguimos, personagens de uma peça sem fim, perdidos em um jogo de sombras e luzes, onde a única certeza é a incerteza. Talvez a verdadeira sabedoria resida em aceitar nossa condição trágica e cômica, abraçando a complexidade de ser e a beleza do desconhecido. Pois, no final, somos todos parte desse grande espetáculo, onde a sombra é tão essencial quanto a luz que a projeta.
FIM