A VIDA É MUITO CURTA PARA SER PEQUENA
Quando a conheci,
Ela estava sempre disposta.
Desde o clarear do dia,
Ela estava na lida, fazendo coisas.
Fazia almoço, arrumava casa,
Ela tinha o domínio das tarefas da querência.
Hora no tanque, hora na máquina de costura,
Ela ia costurando o dia com os afazeres do lar.
Fazia quitanda como ninguém,
Ela era perita nos trabalhos da cozinha.
Quando a noite chegava, para descansar,
Ela passava biquinhos em panos.
Crochetava toalhinhas contando histórias familiares.
Não tinha televisão, não tinha energia elétrica.
Ela tinha a luz da alma que transbordava pelo coração.
Um dia inteiro de labuta,
Ela, canseira não tinha não.
Os anos foram passando, os filhos foram branqueando,
Ela, vendo os netos e bisnetos e a canseira chegando.
Os filhos ficando velhos e aperreados,
Ela, acompanhando a carruagem da vida passando.
Hoje, apenas come, bebe, dorme, sem preocupação.
Ela, na vida, muito pouco pensa.
Quando pensa, não tem organização.
Ela é nossa vida, nossa mãe, nossa humanização.
A vida é muito curta para ser pequena.
É isso aí!
Acácio Nunes