Despedidas

Nos despedimos de coisas, pessoas, lugares, até de nós. Estamos em constante construção, mudanças e isso requer despedidas.

Despedimos do que nos impede de ser feliz, do que nos trava o riso...

Despedimos daquela lágrima que estava parada, marejando o olhar, e ao rolar pela face, dissemos em pensamento: adeus!

Despedimos da solidão que há dentro de nós, essa mesma que nos afasta de tudo, de todos, causando abandono, escuridão. E torcendo para que ela não volte nunca mais.

Despedimos do medo, da insegurança, da falta de amor próprio, do que nos diminui, enfraquece, para então se encontrar com nosso novo Eu. Um Eu cheio de coragem, seguro de quem somos, do que queremos, do que precisamos, nos amando mais, sabendo do valor da nossa essência, do tanto que podemos alcançar, subir...

Despedimos do que não tivemos chance de viver, daquele sonho que sabemos que nunca vamos realizar. Daquele abraço que durou tão pouco, mas tão forte o suficiente para deixar seu cheiro impregnado no coração.

Despedimos de um amor que era pra ser, mas por descuido acabou passando por nós, e não o agarramos com as duas mãos...

Despedimos de um dia, de um lugar, de um momento em que estava marcado para acontecer... perdemos a hora, o ônibus, o trem, chegando atrasado, e não o encontramos mais...ele se foi, passou.

Despedimos de um alguém que esteve presente uma vida toda, que estava tatuado, que fazia parte de nós, como se fosse uma sombra, um pedaço...E que infelizmente tivemos que afastar por doer tanto, a ponto de ter que cortar esse pedaço, apagar a tatuagem, e todas as lembranças.

Despedimos da dor, do que entristece, do que magoa, para então ter de volta o nosso sorriso, aquele que se perdeu, que ficou escondido entre os lábios.

Despedimos das idas e vindas, para então finalmente encontrar o abrigo que a alma necessita, do caminho que não chega, nem leva a lugar algum, para então chegarmos de mãos dadas com a esperança, com as mudanças, com o novo. Nessas despedidas todas, nos despedimos de tudo que não foi, do que deixou de ser, do que não era pra ser, e do que poderia ter sido. E assim fincamos nossos pés, reforçamos nossos laços, nas chegadas que a vida dará...

Simone Henri
Enviado por Simone Henri em 24/07/2024
Reeditado em 27/07/2024
Código do texto: T8114016
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