Quem ousa dizer seu nome?

É certo que houve um tempo inesquecível de vitórias e honras nunca alcançadas.

Um tempo em que somente pronunciar seu nome, resultava o anúncio das mais excelsas autoridades. Todos, homens já em idade avançada e outros, de cuja biografia, como um raio de Sol ao fim da madrugada, aclarava a alma de quem deles a amizade compartilhava.

Todos, jovens e velhos, cléricos e príncipes, ao vê -lo às portas do grande salão, dobravam-se em obediência ao grande conquistador.

Assim foi, assim a história avançou.

Doutra coisa não se fala nada mais o que foi autorizado saber. É sabido, porém, que ao atravessar a linha reta do tempo, às honras destinadas àquele que adentra ao salão, alma humana não há quem não reconheça a magnânima persona que reveste o honroso ser. Tal qual um deus que compartilha das dores e interesses narrados pelo brilhantismo de Homero, deus que ao se misturar junto aos humanos contentadores na Odisseia, não há quem negue que a solidez dos passos do grande homem, se igualava à altivez de um deus. Houve, até, quem afirmasse, sem rodeios, que o grande homem era Zeus personificado. Exageros? Se alguém cogitou pensar negar a comparação, calou a voz e nem o túmulo testemunhou a ousadia.

Para além de uma voz solitária a gritar, sem escrúpulos e sem boas maneiras, suas impressões, é de se considerar que quando o excelso homem se anunciava com sua forte presença, a terra, disse certa vez um admirador, se recolhe, pois não se vê digna de disputar as mesmas atenções.

E se algum dia houve, no tempo próprio do grande homem, ou mesmo nos séculos vindouros, não se sabe, afinal, quem ousaria ter tamanha coragem? Só os loucos ou os incautos, por inepsia ou desamor próprio, isto é, somente aquele que não presa a própria vida, seria capaz de incorrer em perigosa desfaçatez.

Eis, pois, o que me é autorizado dizer. Nada mais, nem seu próprio nome, os bons fluidos da amizade, posso anunciar. Todavia, se há alguém capaz de saber a quem me refiro, confesso, sábio é quem assim procede, pois, pistas dei para que se alcance a ponte que leva à Hélade.