Fora da armadura

 

Removi o peso,
O pesar,
O lamentar,
O tropeço.

 

Comecei pelas botas de ferro.
Senti o sangue circular por minhas pernas,
O ardor do chão quente ao pisá-lo
E a maciez da grama fresca na sola dos pés.

 

Retirei o ferro que cobria todo tronco,
Caminhei e fui flechado.
Resgatado, fui cuidado, reparado,
Senti um confortável abraço sem o ferro no peito.

 

Encorajei-me, removi a armadura do braço.
Socos, arranhões, flechadas, tudo poderia me ferir, que ferisse!
O toque dos dedos, o contato com a pele faz-me sorrir,

O abraço estava completo, mas algo ainda faltava,

 

O elmo enferrujado limitava de ver seu rosto,

Não removi o elmo, pedi que o tirasse, e assim o fez.

Deixei a luz entrar e senti o duplo beijo à face, o da brisa e o seu,
Mirei seu rosto, sem o elmo poderia perder a cabeça, acredito que perdi.

 

Aqui fora há cicatrizes que a vida me deu, orgulho-me de cada uma delas,
Perder ou ganhar qualquer guerra não fez mais sentido,
Entendi que o verdadeiro herói não precisa de armadura.
Troquei a armadura por espada e escudo nas minhas batalhas.

 

Prosa poética inspirada no livro "o cavaleiro preso na armadura" de Robert Fisher.