AUSÊNCIAS
Reunido em um único momento todo o afeto que recebi das mulheres durante a vida, tenho certeza que não caberia no meu coração.
Foram muitos e verdadeiros.
A começar por minha mãe, irmã, primas, tias, avós, professoras, amigas e amores, um número infinito.
Não... Jamais poderei reclamar por não ser amado nessa minha existência.
Querendo ou não todos envelhecem, e quanto mais o tempo passa, as pessoas que viveram ao nosso lado vão desaparecendo de nossas vidas até o momento de ficarmos cercado por “estranhos”, pessoas jovens que amamos muito, mas que não participaram da nossa vida, e não fazem a menor ideia do que passamos nesse mundo para chegar até aqui. Muitas delas tem a impressão que já nascemos avós.
Quanto mais tempo vivemos, mais sozinhos vamos ficando, a perda e a separação de pessoas amadas, companheiras de longa data, cúmplices da nossa história de vida tornam-se constante, e a cada afastamento mais solidão.
Não suporto mais a saudade, desejo que as pessoas que amei e viveram junto a mim por muito tempo saiam das minhas lembranças, e voltem outra vez à realidade ao meu lado.
As ausências se transformam em uma tristeza sem fim.
Nessa altura, depois de tantos anos vividos, chego a conclusão que a morte fica mais fácil de entender do que a vida.
Para essas pessoas amadas é impossível retornarem a minha realidade, sinto que está chegando o momento que eu tenha que viver a realidade delas.
Esse é o jeito da humanidade caminhar.