Percepções Invernais
Me lembro das florestas e montes que percorri, e no topo o âmago da minha mente na premência habitual das indagações. A vista era deslumbrante, as cores da natureza e o lago dos japoneses que criavam peixinhos vermelhos. Mas para quê? Que aprisionamento cruel. Que forma de ' ganhar a vida '.
Do alto eu sentia toda a tenacidade de um céu tocando a copa das árvores. Era um fio tênue que me dividia. O ar e a terra, o invisível singelo. Ali estava a minha aflição de saber-me sem saber.
Eu presenciava os pássaros soltos das diversas espécies; porém , morria de medo de vê-los capturados. E ressentia-me com os peixinhos vermelhos que eram presas, e mais tarde seriam vendidos em saquinhos plásticos nas feiras locais. E tudo era silêncio dentro do meu peito. Tamanho infortúnio da minha pequenez e a dimensão do universo.
E tudo era silêncio naquela natureza tão linda e escrava. O vento soprava como num lamento triste, enquanto a velha coruja mantinha-se num velho tronco girando a sua cabeça em 360graus. Vez em quando me olhava fixo e eu recíproca devolvia o mesmo olhar. Tão noturna e tão sábia, entendia o meu sofrimento.
A prisão é certa para cada um de nós por mais que sejamos livres.
À propósito, o inverno é apenas um reflexo dessa tarde acinzentada além da minha vidraça de pensamentos.
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