Haveria de ser
Haveria de ser belo, forte e verdadeiro.
Não fossem as imperfeições dos afetos.
Não fossem as ausências tão presentes.
Não fossem os corações preenchidos de vazio.
Haveriam assim lembranças
e não uma mente imaginativa,
tentando sempre decifrar o que estaria por vir.
Não fossem essas pedras no caminho.
Não fossem esses enganos permanentes.
Não fossem essas sobras de amor.
E não haveria nada,
caso você não aceitasse de bom grado o que recebeu.
E assim, você fez da chuva purificação
e do fogo, entrega.
Da terra árida, solo sagrado
para repousar seus pés,
tão necessitados de amparo.
O não vale mais quando temos algum espaço sob o céu para fincar raízes.
E poder no serenar da noite, dormir em paz.
Sim!
Agora vejo, agora entendo.
Foi belo, forte e verdadeiro.
Mesmo não sendo perfeito.
Mesmo com dor,
mesmo diante do abismo imponderável,
mesmo no choro sem colo,
e na busca sem retorno.
Houve beleza no amor que desabrochou,
como uma flor selvagem no deserto.
Houve força na resiliência que configurou seu frágil corpo
e houve verdade no desabrochar de sua existência,
que agora você acolhe como inteiramente sua.