As Reticências e as Madrugadas
As Reticências e as Madrugadas.
A lentidão da madrugada transfigura o que a alma desfia via pensamentos confusos no sobe e desce de emoções múltiplas, feito gangorra de sentimentos divergentes, ora sobre o que ficou e o que virá, ora sobre o que valeu a pena e o que se tornou desperdício. O relógio imaginário conta os minutos em pulsos monótonos esticando no tempo as recordações teimosas em minar as esperanças insistentes e ofegantes. No palco, os amores vividos e os imaginados duelam com a gratidão e com os lamentos; não há vencedor nem vencido, o emaranhado de sentimentos se acomoda no peito vazio e satisfeito, lutando com as reticências teimosas, poderosas, capaz de alongar os minutos nas madrugadas.