Flutuando
Fitei o infinito de quem eu sou. Lá, enxerguei uma luz distante que me chamava para além de mim. No movimento de ir ao encontro daquela claridade, esbarrava em meus destroços a flutuarem. O som era o do Nada.
Podia ir mais fundo, porém o medo me fazia tomar decisões que não eram minhas. Por isso, fui deixando de ser eu e me liquefazendo. No esforço de ouvir algo naquele espaço esmo, busquei meu próprio som. Minha voz há tanto tempo sufocada.
Por que fiz isso comigo?
Aquele não reconhecimento que me afastava do meu passado, de tudo o que eu fui e sonhei, e do meu futuro, um conjunto de tantas possibilidades do que poderia ser. Segui engessada!
Toda mulher sabe o quão difícil é reconhecer em si mesma a força capaz de proporcionar nossa própria salvação.
Mas, me apequenaram!
Tão mais simples transferir a culpa para alguém ou para um acontecimento qualquer que mudou toda rota de nosso sucesso.
Sucesso...
O que determina que minha ideia de êxito também pode ser reconhecida pelos outros?
Essa pergunta me travou por tantos anos.
Porém, foi esse mesmo questionamento que me mostrou o quanto posso me desgarrar da manada, do propósito comum a todos e me refazer.
Aquele feixe de luz foi ficando cada vez mais forte em meu coração e fui seguindo minha jornada, mesmo me machucando em meus pedaços, retomando aos poucos aquilo que eu deveria ser: minha voz, meus dons e meu destino... meu caminho. Apenas, meu caminho!
Por Andréa Agnus.