NOVOS FILÓSOFOS

Publicado originalmente em 9 de julho de 2010.

O produto de um louco. Terrivelmente louco, para o pêsame de seus desafetos

A Alemanha tem um destino: chega sempre tarde! Olhar grave, mutismo. Meu sonho transformou-se exatamente numa realidade. Misticismo quase pascaliano. Até neste belo mundo há infelizes. Infinita é a procura da verdade. Não será sua crítica futura à Ciência a vingança inconsciente por haver aquela um dia lhe roubado a crença? O devenir eterno não terá um fim? Comumente a filosofia se me representa como uma Torre de Babel... Tem dezenove anos quando entra na universidade. Conhece a mais dolorosa das solidões, a solidão dos vencidos. Ele é poeta; tem necessidade de lirismo. Ambiciona o heroísmo. Não dorme mais de 4 horas por dia. As vagas do mar são mais ou menos alumiadas, mas não se tem poder sobre elas – eis aí tudo. Sua alma de artista cansa da vida de quartel. E quando voltarmos assumiremos mais uma vez nossas taras profissionais. Aos vinte e quatro anos é convidado para professor. Estamos outra vez no crepúsculo da paz. Estamos talvez no começo do fim! Desaparece totalmente sua repugnância às multidões. Uma impossibilidade de viver de acordo com o Estado. A vida científica, filosófica, artística, pareceu-me um absurdo. O valor metafísico da arte não pode se manifestar aos homens pobres. Mas isso é um erro de todos. Jura absoluta fidelidade a si mesmo. Vontade de morrer! Não compreendem Sísifo... Povoar o mundo das cores que faltavam. Nobre missão. O duque é um dique. Todo trágico é auto-reflexivo. Um vão sem fim separa o estático do extático. Se Epicuro lembra Ásia, não é dionisíaco (paradoxal) que Ásia lembre Buda? Ora, se sonhos não são Música! O cósmico que está atrás da consciência. É em todas as ‘vivências’ que o homem irá encontrar quão digno é viver a vida, porque só o vivido tem suportado o tempo. Viver é desconhecer. O pensamento volve-se contra o pensador... A memória luta contra o tempo. Pensador inatual. Lua-de-mel-e-fel. Silêncio. Freud: comi minha mãe, capítulo final do Ocidente? Culminância-centro-enceto. Periferia. Sendas independentes. Aparência romântica. Beatriz-de-mão-gelada, essa irmã gêmea do não-ser. Ah, Funérea! A felicidade de quem encontra um novo caminho. Lá onde habitam as águias... Infante, infante, infante! A beatitude pela fé. Na terra, devemos fundar o reino dos céus. Raul Seixas, um homem à frente, e às costas, de seu tempo. Mas não foi ele que disse “coração dilacerado” numa canção. Demiurgo-artista. Suprema voluptuosidade estética. Federico Fellini. Roberto Benigni. O Oscar! Não alfabetize esses bastardos inglórios! Ultra – eu sou um superlativo. 2005: um poeta à beira do riacho meditava acerca da queda das folhas. A não é sempre A. B não é sempre B. Eleição por meio de diferentes afetos. Conhecer é tumulto. Cristalização do espírito. Inércia. Fantasia: a cura. De não-Schopenhauers. Crime imperdoável. A consciência de uma lei pela qual os resultados são sempre inferiores aos esforços desprendidos. Átomo? Prefiro Demócrito. Pletora neurastênica. Jogo de tons musicais. Ânsia de simplificação. Mas isto não é, em princípio, acomodação! Do oriente vem a noite. Contraste isto com o teu. O próprio número é uma invenção. Gato-zumbi. Cada dia, um dia novo. Teratologia. Catarse, aquela moedeira falsa. O homem afasta-se de si mesmo quando afasta-se do inconsciente. Auto-medicação. Batalha noturna. A humanidade ainda não existe como totalidade ôntico-ecumênica. Só depois da morte! Deus? Culto do devir. Até o maior dos deuses estacionários é nanico perto do pior homem em evolução. Céu – a janela voyeurista. Treino. Escolher nascer depois de vivo. A decadência é sempre a morte. De onde tiram as aspas de Jesus, este ignoto? Até a erosão move montanhas... O herói solar conhece, em cada madrugada, a sua ressurreição. Necessidade eugênica de vida. Nihilismus in twitter. O homem deve conhecer a maldade que se obstina, daquele que quer, daquele que tem de vencer. Segunda pele. As grandes guerras ideológicas iminentes. Amanhã talvez pensemos diferente... Não tememos discrepar de nós mesmos... Os velhos temas voltarão mais uma vez. O riso. Mordacidade causticante. Chicote. Sim-turão! A hora do afastamento. É isso? Metáfora do Dom Quixote. Melhor o Quasimodo que o clone do Príncipe. Que desfaçatez! Rir dos palhaços em um momento anterior da exegese nietzscheana e de suas banais existências. Porque eu... Não estou aqui para ser um megafone. Tear, tear, tear... Não a bucólica. Mais a incendiária. Gente inteligente faz bem pra alma. Gente vaidosa, gente serelepe. Não gente tartamuda, aqueles eletrocardiogramas ambulantes... Fim dos casais, mas não fim dos dualismos ocidentais. Originalidade. Todos nós temos antípodas. Eu sou o coerente comigo mesmo, não lhes devo satisfações. Ele viveu a vida toda dele assim... Como pode ser o rei de tudo se de palpável não há nada? Macaco de Zaratustra, cênico, você reitera tudo e é a apologia do pleonasmo, vive para dizer que as pessoas devem viver, seu papagaio! Dizer isso é deixar quem tem valor escamoteado. E vide, escamotear o universo inteiro! Sou outrossim da macacatinga e exijo polissemia. Palavras de ponta dupla como meus cabelos. O que nos trai, nós de nossa espécie, é tão-somente nossa própria esperteza, a cama de gato da própria sombra. Infra-destroços caricaturais. Tu és música para meus ouvidos. A Alemanha dá vida aos cadáveres (Funérea!). Dizem que sou louco... Sou Napoleão... Não sou feliz... Mein Kampf!!! Abovina acima de tudo. Na guerra não existe verdade. Eu me rumino, e assim me alimento ao me devorar. Questão em aberto. Antegozar quixotescamente. A embriaguez de um instante. Se tornou escravo de sua própria projeção. Que ressaca está disposto a pagar pelos seus cumes? Ebriez tacanha. Não há fé bastante para crer num jogo de possibilidades. Tecno. O atalho inválido do rio seco. Tático ou serpenteando a esmo, só sei que venturoso. Nada mais temporal que uns contratempos. Nada mais afirmativo que as negatividades. O espelho quebrado no Narciso jornalista. Encruzilhada de tudo com todos. Feio e falador. Real e prestigiador. Pré-pronto: esse texto está acabado. O sangue individual. Gelosia da realidade, He-he. Banquete espiralar da vida. A guiar. Tens papéis abomináveis. Fora-da-máquina, mas que emana de si, de si... Poder embutido secreto. O Fim da História é o ópio dos povos. LuaNão, sol eu sim. O penetra na conversa. Jesus remanescente. Postergando... Pré-cisamos, pré-cindimos, pré-ponderamos. Prenhe de algo. Pelo sim, pelo não... Futurosofia. O bebê que nasceu rindo. O medo de altura pode até matar. Craques não envelhecem. Habitamos mundos diferentes. A amizade perfeita não é possível entre alienígenas. Um dom inestimável. Doente de seu próprio convívio. Com quem desabafar? Refluxo do baú de memórias. Listas, borrachas. Anela. Sim, meu amigo! Monotonia que não cansa. A solidão é sempre maior nas horas crepusculares. Caminhar primeiro, escrever depois. Chumbo do peito demovido. Alegria da estafa. Reedição. Ensofismado depois de golpeado. Como pode ser? Transformava suas amarguras em poemas. Deu branco. O milagre da retribuição. Fonte, cachoeira. Nasceu para jorrar sem parar. Esclarecido, o vingativo! Ver se efetivando o que eu realizei. Ver que se realizou o que eu efetivo... Eu mesmo em terceira pessoa sou o astro atrasado do filme meu. É o instante do desejo veemente! O primeiro niilista perfeito da Europa.

Rafael Cila Aguiar
Enviado por Rafael Cila Aguiar em 07/07/2024
Código do texto: T8102147
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