Paixões da Alma: O Gênio Blasfemo e a Busca pela Liberdade
Concebem-me ao ponto de pôr em meus ombros o destino da física e das ciências? Não, não como a princesa da Boêmia fez com Descartes. Sou apenas um jovem destinado ao cômodo retorno financeiro de uma vida entregue à mediocridade. Um jovem destinado a um futuro burocrático, que despeja aos pés de seus senhores seu serviço com preço, mas sem valor. Não quero manchar minhas mãos com as notas daqueles que sequer as veem sair. Não, não quero sujar as mãos, as mesmas mãos que te escrevem. Ó homens vis, decepcionem-me ao extremo, pois somente assim terei a certeza de que meu valor vocês não podem pagar. O valor das obras que deixo é incomensurável. É inominável e não está à mercê da tua insignificante consciência de um observador em um referencial nada privilegiado. Julguem-me! Chamem-me de insano, pois é assim que entrego o meu melhor para vocês, humanos do futuro, aqueles a quem guardo algum respeito.
A nobre missão, eis a minha sina. Em meu coração, ao sabor dos ventos, para além dos quatro cantos da terra, "guardo a minha liberdade" (no infinito)... A odisseia do meu ser está no estar em tudo que nunca cessa. Insignificante és tu e tua hermenêutica insidiosa. Meu "canto" sopra em todas as direções como a hermenêutica das hermenêuticas. Como o opus dos poemas, significando e sintetizando as odes líricas, as estâncias, os sonetos alexandrinos, petrarquianos, os versos autônomos monostróficos, e assim por diante. Como a consciência humana pairando no infinito, beijando a sabedoria (sofia) e intuindo a verdade, sofro com a estupidez como o indefinido sofre com o pecado. Eis a minha existência blasfema em conjunção com o orgulho luciferiano que me fez o gênio que sou, sem nenhuma modesta e pretensa humildade de escravo e plebeu.