Diógenes de Sínope, ou a radicalidade do Cinismo
Certa vez, um velho sábio foi inquirido pelo rei
O rei, cercado de sua comitiva, lhe dirigiu a palavra e perguntou
"O quê desejas, velho ancião, peça, eu ordenarei que recebas
O velho, que morava nas calçadas e deitava ao Sol, sem erguer os olhos, respondeu
"Saia da frente do meu Sol, me atrapalha"
Um dos guardas, como que em represália a tal petulância, levantou da espada pronto a desferir o golpe fatal, ouviu do rei
"Aqueta -te, não vês que esse ancião carrega a verve dos sábios. Somente quem não tem forças para obter tudo, resta a glória de saber renunciar a tudo".
É pois, e sem ordenança mais real, que a altivez desse que rejeita meus préstimos, és, ele digno de estátuas e escolas que carreguem seu nome, mandarei erguelas para que tempos futuros saibam que existiu um sábio que dormitava num barril e se fez mais nobre que muitos que habitam castelos, disse o imperador.
Só os sábios detém esse discernimento, nobre rei, completou outro guarda que seguia ao lado.
A comitiva seguiu caminho
O sábio ancião, como nada mais houvesse
Voltou a banhar -se do Sol.