POEMAS FEIOS, EMOÇÕES FEIAS
Arcabouço de feiuras transmitidas em poemas.
Não se fala mais de amor, de sossego ou paz.
Poemas sem luz, sombrios, horrorosos.
Pra quê rima nesse monstro em palavras?
Quando existiu o dia, a noite também o acompanhou,
Poetar sobre o que faz mal, é gatilho de uma dor,
Desengonçado feiume poético para uma coisa só prestou,
Esta estrofe pavorosa, horrorosa até rimou.
Não é esse o uno aspecto a dizer sobre a feiura,
Hediondos são poemas que exploram a dor pura?
O sofrimento coletivo compilado em estrutura
De sentimentos deformados, o diabo, a amargura.
Veja o mundo, não é feito de apenas uma parte,
O belo e o feio são exemplos, do cotidiano isso é praxe,
Um transmite o conforto, bem-estar e bela arte,
O outro é a agonia, profundezas onde o sol não bate.
Discorrido o assunto da feiura e da beleza,
Limitada é a visão que não enxerga com clareza,
Uma cobra é dita feia, se o veneno adentra a veia,
Já a bolsa do seu couro, ela é bela, não é feia.
Finalizo o poema feio com uma indagação,
É questão que eu me faço de ocasião em ocasião.
No quesito emoção, reflito o contrastar da conjectura
Se a alegria é beleza a tristeza é feiura?
Nota: o poema possui o propósito de causar reflexão acerca da perspectiva individual do que é belo e do que é feio em diferentes âmbitos da existência, sua simples estrutura foi moldada no intuito de causar estranhamento no primeiro parágrafo e autorreflexão no último.